IGP-M negativo: preço do meu aluguel vai diminuir? Preciso negociar com o dono? 

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O Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), conhecido como “inflação do aluguel” por historicamente reajustar contratos imobiliários, continua a aprofundar a sua deflação no acumulado em 12 meses – o que indica uma redução dos preços na comparação anual (e dos alugueis também).

O IGP-M voltou ao terreno negativo em abril, quando recuou 0,95% no mês e passou a acumular queda de 2,17% em 12 meses – a última vez que isso tinha acontecido foi em fevereiro de 2018, há mais de 5 anos. A deflação se intensificou em maio, quando o índice caiu mais 1,84% e aprofundou sua retração anual para 4,47%.

Isso significa que um aluguel de R$ 5 mil mensais pode ficar R$ 223,50 mais barato, dependendo do contrato que foi assinado. Em 12 meses, a economia seria de R$ 2.682 (mais que dois salários mínimos).

Na primeira semana de junho, a deflação acelerou ainda mais (e não há sinais de que a tendência vá se reverter). É por isso que o InfoMoney consultou especialistas e perguntou: o que os inquilinos e os proprietários devem fazer neste cenário atual?

A resposta principal é: depende do que está escrito no contrato de locação. Historicamente, eles preveem o IGP-M como índice de correção dos alugueis. Mas o IGP-M disparou na pandemia e chegou a ultrapassar os 37% no acumulado em 12 meses, em maio de 2021, o que fez com que muitos proprietários não repassassem toda a alta para os inquilinos.

Da alta de 37% à deflação

Se isso ocorreu com você, leitor, especialistas recomendam que agora é a sua vez de ser flexível. “O IGP-M está negativo porque está começando a ‘devolver’ o que tinha subido no passado, quando atingiu 37% em maio de 2021. Agora, ele está devolvendo parte daquele excesso de aumento”, afirma Alberto Ajzental, coordenador do curso de negócios imobiliários da FGV.

Cintia Senna, mestre em educação financeira, diz que este “é um excelente momento, porque a gente passou por fases com o IGP-M muito alto”. “Naquele momento alguns locatários abriram comunicação, outros não. Agora que estamos no negativo vale essa conversa, até mesmo antecipada, para propor o que vai acontecer” (veja mais abaixo).

Essa negociação vale não só para o aluguel de imóveis residenciais, mas também negócios, como comércio de rua, lojas de shopping, lajes corporativas e até galpões logísticos. “Vale para pessoa jurídica também, vale para shopping, vale para tudo. O lojista não pode ver um aluguel subir 37%”, afirma Ajzental.

Antes de mais nada, ambos recomendam que o locatário leia (e respeite) o contrato. “Primeiro de tudo, tem respeitar contrato. Depois, se tiver algo de atípico, tem de conversar. Seja conjunto comercial, laje corporativa, loja de shopping, loja de rua. Tem de preservar o equilíbrio econômico-financeiro do contrato”, afirma o especialista da FGV.

Reajuste só positivo vale?

Depois que o IGP-M explodiu na pandemia, alguns proprietários e imobiliárias passaram a usar o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que é calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), para reajustar os contratos. Mas muitos continuam a usar o IGP-M, que é calculado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).

https://www.infomoney.com.br/minhas-financas/igp-m-negativo-preco-do-aluguel-vai-diminuir-e-preciso-negociar-com-o-dono-do-imovel-veja-o-que-fazer/